O ano de 2021 fica marcado pela divulgação do nosso Propósito Corporativo e da Agenda de Gestão Responsável 2030 que, tendo por base uma ampla auscultação dos Stakeholders, permitiu identificar de forma colaborativa os temas mais relevantes para o futuro da Companhia.
O compromisso expresso no propósito da The Navigator Company é revelador do nosso posicionamento enquanto empresa. Ao assumir que “são as pessoas, a sua qualidade de vida e o futuro do planeta que nos inspiram e nos movem”, ambicionamos “Criar Valor com Responsabilidade”, o conceito central da nossa Agenda 2030.
Apesar de o ano de 2021 se ter caracterizado por um contexto desafiante, nomeadamente ao nível do aumento repentino e expressivo de fatores de custo, como as matérias-primas, a energia e a logística, da rutura nas cadeias de abastecimento, e da persistência da situação pandémica, a Navigator e as suas pessoas manifestaram uma forte resiliência e capacidade para agir de forma coletiva e determinada. Assim, gostaria de dar relevo às principais linhas de ação nos três eixos estratégicos da nossa Agenda 2030, que estão em linha com a resposta aos riscos classificados como mais severos no top 3 do World Economic Forum (“The Global Risks Report 2022”): “falha na ação climática”, “eventos climáticos extremos”, e “perda de biodiversidade”.
Natureza
Sendo as florestas plantadas fundamentais para a transição de uma economia linear e fóssil, baseada em recursos finitos, hostil para o clima, e por isso sem futuro, para uma bioeconomia circular sustentável, baseada em produtos florestais renováveis, recicláveis e biodegradáveis, favorável para a Natureza e neutra para o Clima, a Navigator tem reforçado as parcerias que visam promover a gestão sustentável da floresta e a certificação, contribuindo para criar uma floresta mais resiliente e produtiva. Um exemplo disso é o Programa Premium que, entre 2018 e 2021, já envolveu mais de 250 proprietários numa área de intervenção superior a 4.500 hectares. Trata-se de um apoio efetivo aos produtores, que abrange várias valências, desde a preparação do projeto florestal e a recomendação de opções técnicas de silvicultura, às boas práticas na realização das operações florestais, potenciando os impactos positivos, a nível ambiental e social.
Igualmente importante foi o trabalho de consolidação da plataforma de conhecimento Florestas.pt, um projeto coordenado pelo RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel no âmbito da divulgação de conhecimento técnico-científico sobre as florestas. Em 2021 foram realizadas 19 sessões com a Academia e publicados 18 artigos de autor. Ainda na área da educação e conhecimento, o RAIZ e a The Navigator Company, em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian e com o apoio da Comissão Nacional da UNESCO em Portugal, lançaram o projeto Floresta do Saber com o objetivo de educar, capacitar e sensibilizar a sociedade em geral e, em particular, os públicos mais jovens, para a relevância da floresta, da sustentabilidade e da bioeconomia circular de base florestal. Estas iniciativas encontram-se alinhadas com o nosso Propósito de partilhar com a sociedade o nosso saber, a nossa experiência e os nossos recursos na busca de um futuro melhor.
No âmbito da atividade de I&D, o instituto RAIZ manteve o seu foco na eficiência na utilização de recursos ao longo da cadeia de valor, desde a produção de sementes melhoradas, na área florestal, à otimização da utilização de madeira e de água no processo produtivo. De salientar, em 2021, a conclusão da instalação de um novo pomar de sementes, que permitirá aumentar a produção em seis vezes, a partir de 2024, e abastecer anualmente o mercado nacional com mais de quatro milhões de plantas melhoradas. Uma vertente importante da gestão praticada pela Navigator reside na conservação da biodiversidade. Nas florestas sob gestão da Companhia encontram-se atualmente identificadas mais de 800 espécies e subespécies de flora e 245 espécies de fauna, sendo que cerca de 12% da área gerida é constituída por zonas com interesse para a conservação e uma área de 4.075 hectares está classificada como habitat protegido pela Rede Natura 2000.
De realçar que, em 2021, foram realizados vários projetos de restauro já iniciados anteriormente, tendo como objetivo a manutenção ou melhoria do estado de conservação de habitats naturais e seminaturais, numa área correspondente a cerca de 53 hectares. Em linha com o compromisso de usar os recursos de forma responsável, salienta-se, a nível da atividade industrial, a diminuição de 6,7% na utilização específica de água face a 2019, ano de referência do Programa de Redução do Uso de Água em curso na Companhia, bem como as medidas enquadradas no Programa Corporativo de Eficiência Energética que, em 2021, permitiram melhorar o desempenho energético dos quatro complexos industriais. De salientar, também, a valorização de 88% dos resíduos gerados, o que demonstra o nosso compromisso com a circularidade.
Clima
Assumindo um papel ativo na procura de soluções para o desafio climático, mantemos o nosso foco no Roteiro para a Neutralidade Carbónica que permitirá reduzir as emissões diretas de co2 (scope 1) em 86% até 2035, face a 2018, tendo, só no ano 2021, sido atingida uma redução de 30,1%. Foi, desta forma, concretizado o plano de investimentos em tecnologias que recorrem a fontes de energia renovável, como a biomassa florestal e a energia solar. Destacam-se a entrada em funcionamento da nova caldeira de biomassa na fábrica da Figueira da Foz, tornando-a na primeira fábrica integrada de pasta e papel do Grupo que produz eletricidade totalmente a partir de fontes renováveis, e o investimento em unidades fotovoltaicas cuja capacidade instalada ascende a aproximadamente 7 MW. A título ilustrativo, foi possível obter em 2021 uma redução global de 57% das emissões de co2 do complexo da Figueira da Foz. O compromisso claro de contribuir para uma sociedade de baixo carbono, nomeadamente através da redução das emissões de GEE, com base na mais atual ciência climática, esteve na origem de um ambicioso projeto de análise da nossa pegada de carbono que culminou na adesão à Science Based Target Initiative (SBTi) no final do ano.
Em simultâneo, e antecipando o prazo de dois anos estipulado para a apresentação de metas, a Companhia submeteu as suas metas no momento da adesão a esta iniciativa. As metas near-term (a curto prazo) e com base em ciência, submetidas para os âmbitos 1 e 2, procuram responder ao plano estabelecido no Acordo de Paris de não ultrapassar o aumento de temperatura de 1,5ºC e, no caso das de âmbito 3 de ficar bem abaixo de 2ºC, por referência aos níveis pré-industriais.
Em simultâneo, e antecipando o prazo de dois anos estipulado para a apresentação de metas, a Companhia submeteu as suas metas no momento da adesão a esta iniciativa. As metas near-term (a curto prazo) e com base em ciência, submetidas para os âmbitos 1 e 2, procuram responder ao plano estabelecido no Acordo de Paris de não ultrapassar o aumento de temperatura de 1,5ºC e, no caso das de âmbito 3 de ficar bem abaixo de 2ºC, por referência aos níveis pré-industriais.
Sociedade
A aposta no capital mais fundamental de uma organização – o capital humano –, as nossas pessoas, a sua qualificação e desenvolvimento profissional é parte integrante do Propósito e da estratégia da Navigator, e materializa-se nos planos de ação que temos vindo a desenvolver e a implementar. De realçar o novo plano de carreiras para técnicos operacionais, que abrangeu 1.958 Colaboradores e cujas medidas se traduzem numa remuneração mais de 40% acima da média da indústria, e a realização de mais de 500 ações de treino e formação em diversas áreas ao longo de 2021 com um investimento global de 1,24 M€ no Plano de Formação. Nesta fase extremamente exigente para todos nós, decorrente da situação de pandemia, focámo-nos igualmente na melhoria dos benefícios aos Colaboradores, incluindo a comparticipação com despesas de educação, seguros de saúde e de vida, para além de termos alargado a compensação por doença. Estes benefícios são equivalentes a 1,25 salários médios.
No que respeita as comunidades envolventes, são diversos os programas de apoio na área educacional e do desenvolvimento rural, com a aposta em ações pedagógicas em torno dos valores da gestão florestal sustentável e da certificação, contribuindo para uma melhor floresta. Disso são exemplo, este ano, as 8.000 crianças envolvidas nos roadshows Dá a Mão à Floresta, os 10.000 produtores florestais impactados pelo projeto Produtores Florestais e o investimento de mais de 5,5 M€ no Programa de Desenvolvimento Social do Projeto de Moçambique desde o seu início. Na base de todo este percurso e da evolução de um negócio de base sustentável encontra-se um investimento sólido na área da I&D e inovação. Com efeito, a Navigator e outras empresas do sector estão envolvidas em promissores projetos de I&D para gerar uma gama mais ampla de bioprodutos a partir da árvore, alguns deles substituindo produtos atualmente obtidos pela petroquímica.
Num futuro próximo teremos biocombustíveis para uso rodoviário, marítimo e aéreo, assim como suplementos alimentares e compostos bioativos para nutracêutica, incluindo prebióticos, só para dar alguns exemplos. De realçar, neste domínio, o início da construção do Novo Laboratório Piloto em biorrefinarias e bioprodutos, que visa dinamizar o empreendedorismo ligado à floresta.
A Navigator tem uma visão de crescimento assente num caminho de inovação e diferenciação, como sempre tem feito. Queremos diversificar continuando a apostar no tissue, bem como criar, e depois consolidar, um negócio de packaging. Desenvolvemos soluções inovadoras para o mercado da higiene e saúde, como é o caso dos produtos tissue com aditivos – loções, perfumes, suavizantes, antibacterianos, antivirais e repelentes, entre outros, e lançámos, em 2021, uma nova gama de papéis para embalagem, a gKRAFT.
Ao mesmo tempo, estamos a desenvolver a operação em Moçambique, que se está a iniciar pela comercialização de madeira em rolaria e que vemos como uma plataforma sólida de crescimento a mais longo prazo. É também no longo prazo que se inserem vários outros projectos inovadores que a empresa tem vindo a analisar e a aprofundar na área dos biocombustíveis, do hidrogénio verde e dos biocompósitos.
De salientar que a Companhia lidera a agenda “From Fossil to Forest”, que inclui investimentos em investigação no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). O grande foco é o desenvolvimento de uma gama de soluções para embalagem – centradas na marca gKRAFT lançada em 2021 – e, associado a isto, quer a produção de celulose microfibrilada para o desenvolvimento de propriedades mecânicas nestes papéis, quer o desenvolvimento de barreiras funcionais (a gorduras e a líquidos, entre outros).
A marca gKRAFT surge precisamente no quadro de diversificação e crescimento do portefólio de negócios do Grupo sendo uma expressão desta estratégia. Tratando-se de um dos lançamentos mais importantes da história recente da Navigator, ela demonstra como a inovação é um caminho incontornável quando procuramos a sustentabilidade de forma duradoura e relevante para a vida e para o futuro das pessoas. Neste caso, ao oferecer uma alternativa que permite a redução do uso de materiais de origem fóssil, como o plástico, substituindo-os por materiais de base renovável e sustentável a partir da floresta, como é o caso do papel que caracteriza estas novas soluções de embalagem.
Somos, acredito firmemente, uma bioindústria que está no lado certo do futuro.