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Mensagem
do Presidente do Conselho de Administração

João Castello Branco
Presidente do Conselho de Administração

Em 2020, o mundo foi surpreendido por um acontecimento inesperado que a todos marcou de uma forma indelével. Sabemos que já ocorreram diversas pandemias ao longo da história da humanidade, mas aconteceram em épocas e contextos diferentes, em que a globalização e a interdependência das várias comunidades e economias estavam longe de ser tão intensas. Por essa razão, esta crise tem, para além dos aspetos sanitários comuns a todas as outras, implicações completamente distintas das anteriores. São desafios únicos com que a humanidade se defronta e aos quais urge dar uma resposta imediata. Como não podia deixar de acontecer, também a nossa Empresa foi confrontada com este desafio gigantesco – uma empresa industrial, com quatro unidades fabris de laboração contínua que obrigam a trabalho presencial, que exporta cerca de 94% da sua produção para mais de 130 geografias espalhadas pelo Mundo, que utiliza diversas matérias-primas e alguns consumíveis importados, teve, pela natureza das coisas, um embate fortíssimo e um enorme desafio com esta inesperada e grave pandemia.

Podemos afirmar que o ano de 2020 foi o mais difícil da história do Grupo, pois foi aquele em que todos nós tivemos de alterar as nossas rotinas e hábitos de trabalho e em que a degradação das condições dos mercados internacionais da pasta e do papel provocada por esta pandemia levou a que tivéssemos que parar a produção de máquinas de papel em Setúbal e na Figueira da Foz, e a fábrica de pasta em Aveiro. Esta situação, completamente nova, foi motivo de preocupação para os nossos colaboradores, apesar de terem sido tomadas medidas que permitiram manter as remunerações a todos. Foi este o quadro geral em que estivemos mergulhados no 2.º trimestre de 2020, e pretendo realçar este ponto para evidenciar aquilo que é, para mim, o maior motivo de orgulho como Presidente do Conselho de Administração desta Empresa. Das dificuldades foi feita força e nas adversidades foram encontradas oportunidades.

Apesar de toda esta situação inesperada e da queda verificada nos mercados onde vendemos a nossa produção, foi possível a Navigator terminar o ano com um EBITDA de 286 milhões de euros, com uma apreciável capacidade de geração de caixa, registando um montante de cash flow livre de 234 milhões de euros, valor muito expressivo no atual contexto, superior ao do ano de 2019, e que também é fruto da capacidade demonstrada na reação às condições de mercado, gestão de custos, do CapEx e dos fluxos de caixa. Estes resultados vêm confirmar que a Navigator não só é uma Empresa com grande capacidade de resistência às adversidades, como é também capaz de se adaptar às circunstâncias e de se reinventar através da diferenciação pela qualidade e diversificação dos seus produtos. Prova disso mesmo foi ter colocado no mercado, em 2020, o maior volume de pasta dos últimos 10 anos, em geografias diferentes, ter sabido aproveitar oportunidades nos mercados de destino do papel UWF e ter conseguido apresentar produtos inovadores no tissue, com um aumento significativo do volume de vendas e encontrando novos mercados para este e para outros produtos diferenciados.

Como empresa, a Navigator é uma referência em sustentabilidade, tendo desde há muito tomado consciência do importante papel da adaptação do seu processo produtivo na mitigação e combate às alterações climáticas.

Por essa razão assumiu o compromisso público, em 2019, de antecipar para 2035 o objetivo da neutralidade carbónica, tendo sido a primeira empresa a fazê-lo em Portugal e uma das primeiras em todo o mundo, decisão que implica quais já foram efetuados, até final de 2020, 55 milhões de euros. Destaco, como investimento mais relevante até ao momento, o realizado na nova caldeira de biomassa da Figueira da Foz, finalizada em 2020, que veio substituir a caldeira e a central de ciclo combinado a gás natural existentes, o que irá permitir reduzir em 81% as suas emissões de CO2 fóssil. Podemos afirmar que a sustentabilidade está no ADN desta Empresa, sendo cerca de 90% dos materiais que utiliza renováveis e valorizando-se 87% dos resíduos através do seu aproveitamento energético, compostagem e incorporação em produtos de maior valor, com o compromisso de elevar esta fasquia para 90% em 2030.

E tendo sob gestão florestas bem geridas, com preservação da biodiversidade e com um stock de carbono que equivale a 6,1 milhões de toneladas de CO2. A Navigator integra, desde há muito, o Business Council for Sustainable Development (BCSD) Portugal, onde está na Presidência da Direção deste importante fórum empresarial de mais de 100 empresas que se comprometem, ativamente, com a transição para a sustentabilidade. Também faz parte da Comissão Executiva do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), que agrega mais de 200 empresas em todo o mundo com um forte compromisso e aposta na sustentabilidade. A concluir, por aquilo que somos e pelo que temos conseguido fazer, só podemos encarar os desafios de futuro com uma enorme confiança, pois: – Temos uma equipa cuja capacidade de reação ficou bem patente na resposta à crise no ano que passou; – Investimos nas nossas unidades fabris e na floresta; – Temos uma visão de crescimento com aposta clara no tissue, um caminho de inovação nas áreas do packaging e, a prazo, nos bioprodutos, e uma aposta de longo prazo em Moçambique; – Saímos mais fortes do ano que passou e temos uma visão para o futuro. Por tudo isto, sabemos que vamos no caminho certo.