• APP Investor & Media Relations
  • Faça download em:

À conversa com
António Redondo
Gestão Responsável

António Redondo

Presidente da Comissão Executiva

Assumiu a função de CEO em janeiro de 2020, um ano marcado por uma crise inesperada provocada pela situação de pandemia. Que impacto teve este acontecimento na gestão da Companhia e de que forma influenciou a construção da Agenda Responsável de Negócio 2030?

António Redondo
Presidente da Comissão Executiva

O primeiro passo para a Sustentabilidade começa exatamente por tomar medidas que tornem sustentável o próprio modelo de negócio. Por isso, independentemente de contextos críticos como o da crise sanitária a nível mundial, a prioridade desta equipa de gestão tem sido, em simultâneo: robustecer os negócios atuais, focando a organização na gestão criteriosa da base de custos fixos e variáveis; definir a proposta de valor e a consequente estratégia de preços desses negócios; promover o desenvolvimento dos nossos Colaboradores e procurar novos caminhos de inovação e crescimento.

Nesse sentido, em contexto de pandemia, a nossa resposta foi coordenada, célere e com um foco absoluto na proteção dos nossos Colaboradores e também das nossas Comunidades. Em fevereiro de 2020, ainda antes de o País entrar em Estado de Alerta, estava já em execução o nosso primeiro Plano de Contingência, e constituído um Gabinete de Gestão de Crise com o envolvimento direto dos responsáveis das diferentes áreas de atividade. Foi desenvolvido um sistema de governance ajustado à situação de emergência sanitária e construído, em paralelo, um Plano de Continuidade de Negócio, baseado em múltiplos cenários, capaz de nos ajudar a navegar num contexto de grande incerteza, de grande volatilidade e com muito pouca informação. A situação de crise veio pôr à prova a nossa capacidade de organização, resiliência e de espírito de equipa, congregando todas as competências de um coletivo que atuou com agilidade perante as rápidas oscilações do mercado e mitigou eficazmente as consequências desta crise nos resultados da The Navigator Company. Considero importante salientar que o contexto adverso não esmoreceu o trabalho de construção da nossa Agenda de Gestão Responsável 2030 que, tendo por base um alargado processo de auscultação dos Stakeholders, permitiu identificar de forma colaborativa os temas mais relevantes para o futuro da Companhia.

A Agenda 2030 da Navigator espelha o nosso alinhamento com macrotendências globais de sustentabilidade, como a emergência climática e a perda de biodiversidade, as transformações demográficas e sociais, e as inovações tecnológicas. A importância de contribuir para o desenvolvimento dos nossos Colaboradores e das Comunidades envolventes, procurando responder aos desafios decorrentes desta crise sanitária, com fortes reflexos no tecido socioeconómico à escala global, tem suporte na Agenda Responsável 2030, o edifício conceptual e operacional que nos guiará na próxima década. Este esforço ganha ainda maior relevância tendo em conta a importante cadeia de abastecimento da The Navigator Company, tanto mais estruturante quando estão envolvidos mais de 7 000 fornecedores, dos quais 76% nacionais, com dezenas de milhar de produtores florestais a montante e um efeito multiplicador de emprego direto, indireto e induzido em todo o País. Também por isso, em contexto de pandemia, desenvolvemos iniciativas para apoiar fornecedores e clientes, em linha com o compromisso expresso no nosso propósito corporativo, de partilhar com a sociedade não só os nossos resultados, mas também o nosso saber, a nossa experiência e os nossos recursos na busca de um futuro melhor.

O que significa para a Navigator “Criar Valor com Responsabilidade”, o conceito-chave da Agenda 2030?

São as pessoas, a sua qualidade de vida e o futuro do planeta que nos inspiram e nos movem – este é o nosso compromisso, vertido no propósito da The Navigator Co. Nesse sentido, o conceito de “Criar Valor com Responsabilidade” significa identificar e minimizar os principais impactos da nossa atividade florestal e industrial, reforçando o contributo positivo para a proteção dos recursos naturais; significa estabelecer relações de proximidade com os nossos Colaboradores, com os nossos parceiros de negócio, dos produtores florestais aos clientes, e com as comunidades, procurando responder às suas necessidades e expectativas; significa desenvolver o negócio gerando valor para os nossos Stakeholders;

significa aliar a tecnologia ao conhecimento para criar produtos cada vez mais sustentáveis, beneficiando do facto de a celulose e os seus derivados, como o papel, terem um perfil único também deste ponto de vista; e significa dar resposta aos desafios atuais e urgentes com que nos defrontamos, através da valorização da floresta e da adoção de um modelo de economia de baixo carbono.

significa aliar a tecnologia ao conhecimento para criar produtos cada vez mais sustentáveis, beneficiando do facto de a celulose e os seus derivados, como o papel, terem um perfil único também deste ponto de vista; e significa dar resposta aos desafios atuais e urgentes com que nos defrontamos, através da valorização da floresta e da adoção de um modelo de economia de baixo carbono.

Qual a importância dos três eixos estratégicos de atuação – Natureza, Clima e Sociedade – e de que forma refletem a ambição da Companhia nos compromissos e metas definidos no Roteiro 2030 por comparação com o Roteiro 2025?

Estes eixos completam-se e agregam os temas mais relevantes para a Agenda 2030 da Navigator definidos na sequência do amplo processo de auscultação de Stakeholders, internos e externos, bem como da reflexão estratégica que realizámos. Respondem diretamente ao foco central e transversal da Agenda: Um Negócio Responsável.
Natureza porque é a nossa origem e o nosso futuro, representado pelo legado que queremos deixar às gerações vindouras. Os nossos produtos provêm de florestas geridas de forma sustentável e que protegem a biodiversidade. Sabemos que só podemos continuar a gerar valor para a Sociedade se cuidarmos deste fundamental recurso renovável. Também nas nossas operações aplicamos e seguimos as melhores práticas para proteger a água, o ar e o solo, contribuindo para a valorização do Capital Natural, um bem que é de todos.

Clima porque temos responsabilidade pelo desenho e implementação de soluções de baixa intensidade carbónica, como é exemplo o nosso Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2035. Para além dos recentes investimentos em energia solar fotovoltaica, a nova caldeira de biomassa na unidade da Figueira da Foz irá permitir atingir, já em 2021, uma redução de 32% nas emissões totais de CO2 do universo Navigator, tendo representado um investimento de € 55 milhões. Não esqueçamos que as nossas florestas também fazem parte da solução, pela importante função de sequestro de carbono da atmosfera. Os produtos oriundos de plantações com espécies de rotação mais curta permitem não só um sequestro mais rápido, mas também que os stocks de carbono sejam ‘reciclados’, à medida que são retirados das florestas para os diversos produtos de madeira, potenciando o início de um novo ciclo de sequestro de carbono através de um novo ciclo de florestação.

Sociedade porque a função essencial das empresas é gerar e partilhar valor sustentável pelos diferentes grupos da sociedade que as criam, apoiam e desenvolvem (acionistas, clientes, Colaboradores, comunidades, fornecedores, …) originando, desta forma, um impacto positivo. Assumimos um compromisso com o desenvolvimento dos nossos Colaboradores, a sua segurança e bem-estar, e com as Comunidades envolventes, desafio que nos mobilizou fortemente no último ano. A definição de um Roteiro de Sustentabilidade 2030, com compromissos e objetivos concretos nos vários temas considerados relevantes para a Navigator, e para os nossos Stakeholders, permite-nos encarar com confiança os importantes desafios que temos pela frente no âmbito ambiental, social e de governance.

Identifica alguma tendência de sustentabilidade que vai impactar, de forma mais marcante, os negócios da Navigator no futuro próximo?

A Inovação Tecnológica representa um desafio para o nosso modelo de negócio. Temos de saber inovar na vertente industrial, com soluções capazes de minimizar os nossos impactes ambientais e promover o uso ainda mais eficiente dos recursos naturais, como por exemplo a água, um bem escasso e precioso para a vida humana. Temos de saber inovar na vertente social, estando atentos aos novos comportamentos na área do consumo sustentável e às novas formas de trabalho. E temos de ajudar as pessoas a redescobrir o valor dos derivados da celulose, nas suas múltiplas facetas e aplicações, nomeadamente como alternativa de embalagem, altamente reciclável e totalmente biodegradável, para produtos de grande intensidade carbónica, como o plástico.

2020 foi um ano de mudança em termos da consciencialização pública sobre a importância da Sustentabilidade, nomeadamente em temas como a ação climática e a biodiversidade. Considera que a sociedade vai exigir um papel diferente das empresas neste domínio?

Estou confiante que sim. Como em tudo o resto, somente com uma sociedade civil mais informada, evoluída, exigente e com uma sólida base de cidadania poderemos cumprir a nossa responsabilidade individual e colectiva de cooperar no desenho de soluções para as graves crises ambientais e sociais com que nos defrontamos. As empresas são uma parte muito importante da solução. A Agenda 2030 da Navigator está alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e com o “call to action” às empresas para desempenharem o seu papel na construção de uma sociedade mais sustentável e, por isso, mais justa e com mais futuro.

Como é que a Navigator irá envolver os seus Stakeholders, e em particular os seus Colaboradores, nesta jornada pela sustentabilidade?

Não é possível dar corpo a esta ambiciosa Agenda sem o envolvimento dos nossos Colaboradores, com resultado espelhado neste Relatório. Começámos por divulgar a Agenda 2030 a todos os Colaboradores, pedindo-lhes a sua qualificada opinião sobre os eixos estratégicos com que mais se identificam e o grau de prioridade que atribuem aos diferentes tópicos materiais (ambientais, sociais e de governance). Ao longo deste ano iremos desenvolver um plano de comunicação externa e interna da Agenda 2030 para que os nossos Stakeholders em geral, e os nossos Colaboradores, em particular, possam partilhar e vivenciar os compromissos e objetivos que a Navigator tem inscritos no seu Roteiro de Sustentabilidade. O esforço de apropriação e endogeneização desta Agenda tem de ser amplo e permanente para que todos possamos construir uma Companhia que cria Valor Sustentável no longo prazo. É essa a nossa Responsabilidade perante a Natureza, o Clima e a Sociedade.